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O Grupo Experimental de Dança da Cidade surge com o objetivo de possibilitar a formação continuada em dança. Idealizado pelo Centro Municipal de Dança, da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre, busca criar a oportunidade para jovens complementarem a sua formação em dança e puderem ter maiores oportunidades profissionais na área.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Faz de conta que vivemos aqui!

Faz de conta que vivemos aqui!

Aqui onde?
Aqui, no teatro Renascença, 5 de dezembro, 16:00.
Aqui, num mundo onde o irreal é alcançável e salta na nossa frente, que está ao nosso alcance. Aqui, onde a timidez não existe e os impulsos nos tomam conta. Aqui, soltos na fantasia!

Ao contrário do que muitos podem pensar, montar um espetáculo infantil necessita de muito trabalho e é sempre um desafio. O Grupo Experimental da Cidade invade este universo e arrisca-se nos labirintos deste terreno tão pouco cuidado na dança gaúcha, trazendo aos palcos do Teatro Renascença um belíssimo espetáculo para todos os públicos.

“Faz de conta que...” cumpre o seu papel sem fazer de conta. Leva movimento, imaginação e contemporaneidade para a criação das crianças. De sobra, tomam de assalto os pais, tios, avós.... que mostram em seus rostos o desejo de invadir a brincadeira como os pequenos.

Pensando como gestor cultural... assim como eles, precisamos de mais! Mais aventureiros que desbravem os campos da dança para crianças (ou da dança de todas as idades) e que mergulhem em projetos e propostas inovadoras. As crianças necessitam cada vez mais de espaço para sair dos parâmetros rígidos, para que assim possam criar, sonhar, imaginar e desenvolver a sua escrita da sensibilidade.
“Faz de conta que...” rompendo padrões, questionando, derrubando clichês, formando novos públicos, traz “crianças” vivas e alegres que mostram, não só para outras crianças, mas para os adultos, que a dança não precisa ser sempre de pontos técnicos e fixos e que todos podem dançar da forma como sentirem-se bem. E aí sim, é a dança mais feliz.
De longe, acredito que para as crianças é isso que importa, é isso que conta. A forma com que elas podem criar suas próprias histórias para o que vem ali e o sentimento de sentirem-se parte.

Termina. Mas já? Nãããããão......
“FAZ DE CONTA QUE TODO MUNDO DANÇA!!!!”
E a partir de então, a dança fará parte da vida destas crianças.




Marcinhò Zola
Gestor e Produtor cultural

domingo, 5 de dezembro de 2010

Faz de conta que encantou a criançada.





O prefeito José Fortunati (E) presente no espetáculo " Faz de conta que "

Ficha Técnica

Direção e concepção coreográfica

Airton Tomazzoni

Assistente de direção

Juliana Vicari

Criadores- intérpretes

Alessandro Rivalino, Andrea Lopez, Andréia Lucchina, Carlo Laner, Diego Esteves, Fernanda Bertoncello Boff , Iandra Cattani, Juliana Vicari, Juliana Rutkowski, Kalisy Cabela, Lara Sosa, Laura Rosa, Leonardo Jorgelew, Mari Rocha, Raquel Purper, Tainá Borges, Viviana Schammes

Cenografia

Maíra Coelho, Marcelo Pacheco, Karine Paz, Ana Paula Reis, Juliana Vicari, Andréia Luchina, Fernanda Bertoncello Boff, Raquel Purper, Laura Rosa, Juliana Rutkowski, Lara Sosa, Leonardo Jorgelew.

Figurinos

Marcelo Pacheco e Agatha Tomatis

Trilha sonora especialmente composta

Andrea López, Bruno Ângelo, Gabriel Saikoski e Lehgau- Z Quarvalho

Projeto Gráfico

Yheuriet kalil

Produção

Equipe do Centro Municipal de Dança

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Carta para crianças que dizem: faz de conta Petit que você é criança


Carta para crianças que dizem: faz de conta Petit que você é criança

Então hoje num dia de Primavera,onde o céu está tão lindo..adentrei a sala do Renascença onde crianças na platéia sorriam.
Adentrei um espaço onde crianças se viam em cena e gritavam alegres.Como se seus gritinhos respingassem tinta colorida na roupa dos bailarinos
Posso dizer bailarinos?Pois mais via crianças dançando e deixando-se levar pelo momento
Descobrindo formas do corpo,se permitindo contar histórias,seus desejos...
Sabe quando você está na creche?A gente fica chorando na porta da creche,pois não quer se separar do papai e da mamãe
Mas depois a gente gosta,pois a gente conhece amiguinhos ,pode sujar a roupa,come o lanchinho,brinca no recreio e dorme com todos coleguinhas numa salinha com o som da voz da professora preferida contando história
Me senti numa creche que se chama FAZ DE CONTA.
Onde você pode se sujar de sorvete
Correr pelo pátio
Trazer seu brinquedo predileto
Brincar de pegar
Se exibir com o bambolê
Ir correndo para o lavabo escovar os dentes deixando a espuma cair no queixo
Vibrar que a primavera venha.Deixar as flores surgirem.Dar uma flor para alguém e inocentemente querer uma de volta ,pois quando crescer você vai querer dar amor e vai querer ele em troca.Trocam -se flores e surge um sorriso
E quantos sorrisos nesta creche palco
Quantos sorrisos expressos no corpo e não somente na face
Quanta alegria saindo das meias calças coloridas
Creche onde você pode girar gritando e dar a risada mais gostosa
Onde você descobre que o reciclável pode virar uma coisa gostosa de brincar
O que eram as cabeças dos seres que apareciam?
Petit criança pensa que são móbiles que brincam no céu.Cada um se exibindo com sua dança,com suas cores.Cada um mais divertido que o outro.Como se cada um fosse aquele no qual cuida do sono da criança do quarto .Ficam lá pendurado no teto e quando todos dormem entram nos nossos sonhos....e nós fazem rir enquanto dormimos.Então a gente acorda
com sorriso pela manhã e abraçando a mãe quando acorda.
Os figurinos são nosso restinho de infância.Não sou puxa saca do Marcelo,mas acredito que ali ele pôs muito respingo de tinta,muita coisinha de cada criança bailarino,muito desenho animado,delicadeza...
As coreografias são simples e descobertas boas de serem olhadas..Choques e impulsos que aparecem.Como se um adulto dissesse:mostrem como a criança de vocês dança
E ai vi crianças dançando
e dancei timidamente com meu pezinho no chão do teatro
e fiquei com vergonha de subir no palco
onde vi
com lágrimas escondidas de alegria
o quanto as crianças
se apropriam do palco
o quando era lindo a troca
entre crianças grandes bailarinas e crianças pequenas
ali aconteceu a dança
ali aconteceu a troca
onde nenhum coreógrafo poderia fazer melhor,pois aquela dança surgiu ali
no momento
que aquela personagem que eles acreditavam e vibravam de pernas longas
diz:vamos dançar!!!!! e a grande cortina se abre
num ímpeto virou um grande recreio onde tudo é permitido
e ali fiquei feliz
com a força
da dança
do teatro
da ARTE
de fazer
as crianças
acreditarem
que sim as coisas são possivéis
VÁ VER O GRUPO EXPERIMENTAL
É UM GRUPO UNIDO
CRIATIVO
e acho que traz uma grande contribuição para a cidade de Porto Alegre
Muitos anos e dezembros com estréias lindas para vocês
da criança Petit



Fernanda Petit, atriz



Faz de conta que

Pulp Dances






quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Faz de conta que, estreia hoje às 16 horas no Teatro Renascença- .



"Faz de conta que ela era uma princesa azul pelo crepúsculo que viria, faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos, faz de conta que uma veia não se abrira e faz de conta que sangue escarlate não estava em silêncio branco escorrendo e que ela não estivesse pálida de morte, estava pálida de morte mas isso fazia de conta que estava mesmo de verdade, precisava no meio do faz-de-conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz-de-conta verde cintilante de olhos que vêem, faz de conta que ela amava e era amada, faz de conta que não precisava morrer de saudade, faz de conta que estava deitada na palma transparente da mão de Deus, faz de conta que vivia e que não estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte, faz de conta que ela não ficava de braços caídos quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que era sábia bastante para desfazer os nós de marinheiros que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua, faz de conta que ela fechasse os olhos e os seres amados surgissem quando abrisse os olhos úmidos da gratidão mais límpida, faz de conta que tudo o que tinha não era de faz-de-conta, faz de conta que se descontraíra o peito e a luz dourada a guiava pela floresta de açudes e tranqüilidade, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando, ...faz de conta que ela não estava chorando por dentro - pois agora mansamente, embora de olhos secos, o coração estava molhado; ela saíra agora da voracidade de viver"

Uma aprendizagem, ou o Livro dos prazeres. CLarice Lispector

.
Serviço:
.Faz de conta que ...

.
3/12 ( sexta) - 16 horas.

4/12 ( sabádo)- 16 horas

5/12 (domingo) - 16 horas

Teatro Renascença.

Porto Alegre- RS

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Grupo Experimental de Dança da Cidade estreia duas novas montagens




Como resultado do trabalho de formação de criadores e intérpretes de dança, o Grupo Experimental de Dança da Cidade produziu o espetáculo infantil Faz de conta que e a performance Pulp Dances. As montagens fazem únicas apresentações nos dias 4 e 5 de dezembro, respectivamente às 16 e 21h, no Teatro Renascença, com entrada franca. A realização é do Centro Municipal de Dança, da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre.Informações 32898065 – centrodedanca@smc.prefpoa.com.br .

A primeira encenação para o público infantil, Faz de conta que, investe na invenção e no imaginário para construir um espetáculo recheado de humor e poesia. No palco um grupo de bailarinos que tenta enfrentar o desafio de fazer dança para crianças, tentando escapar de clichês, investindo na aventura de redescobrir como brincar com movimentos e imagens. A direção é de Airton Tomazzoni.
Pulp Dances mergulha no universo do cineasta americano Quentin Tarantino, autor de filmes como Cães de Aluguel, Kill Bill e Pulp Fiction. A proposta foi de resgatar o universo “pulp”, adjetivo usado para designar a literatura de qualidade duvidosa e com enredos considerados absurdos, destinados ao entretenimento rápido. Assim, as coreografias revisitam personagens, situações e referências, presentes na obra cinematográfica de Tarantino, não para “ilustrar” em dança, mas para jogar e reinventar sentidos coreográficos para as elementos recorrentes como violência, vingança, solidão, ironia, injustiça, coragem, medo e sarcasmo.
Participam das montagens 18 bailarinos e bailarinas que desde abril freqüentam as aulas do projeto do Grupo Experimental de Dança. O programa de aulas é diário, de segundas a sextas, pelas manhãs e incluíram aulas de dança moderna, dança contemporânea, ballet, Axis Sillabys, Sistema Laban/Bartenieff, bem como laboratórios de criação, seminários teóricos e sessões de vídeos comentadas. No corpo docente, participaram consagrados professores como Eva Schul, Alexandre Rittman, Didi Pedone, Andréa Spolaor, Bia Diamante, bem como ex-alunos do próprio Grupo que retornaram de sua formação no exterior, como Douglas Jung e Juliana Vicari.
O projeto do Grupo Experimental de Dança teve início em 2007 e mais de cem alunos já passaram pelo programa. No primeiro ano, os alunos criaram o exitoso espetáculo Follias Fellinianas. Em 2008, duas novas produções estiveram nos palcos: Eu me faço simples por você e Ou algo assim que me intrigue. “O projeto vem atingindo seus objetivos e fomentando a prática diária em dança, uma formação integrada e a vivência no palco como intérpretes”, destaca o diretor do Centro de Dança e idealizador do projeto, Airton Tomazzoni. Segundo ele, muitos alunos oriundos do projeto têm integrado o elenco de outras companhias da cidade, criado seus próprios trabalhos coreográficos e ou dando continuidade à sua formação em escolas de dança na Áustria e Alemanha.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Faz de conta que...a gente tá comendo as nuvens!


vídeo de divulgação do espetáculo: Faz de conta que...



Faz de conta que é a primeira montagem para o público infantil produzida pelo Grupo Experimental de Dança da Cidade, de Porto Alegre. O espetáculo parte do dilema de um grupo de bailarinos sobre como criar dança para crianças. Questionando clichês e inventando caminhos, o grupo de bailarinos acaba enfrentando os desafios de fazer a imaginação dançar. Com humor e poesia, Faz de conta que constrói um território para brincar com coreografias e imagens.

http://www.youtube.com/watch?v=20bQTYLlGQ4

Teatro Renascença, dias 3, 4 e 5 de dezembro às 16h e os ingressos já podem ser retirados gratuitamente, no Centro Municipal de Dança (Av. Erico Verissimo, 307). Informações pelo fone 3289-8065 e pelo e-mail centrodedanca@smc.prefpoa.com

domingo, 31 de outubro de 2010

Reverência ao tempo


Reverência ao tempo


E pensar que não faz muito tempo a carreira de intérprete no balé dificilmente sobreviveria aos seus trinta anos. Quem desfrutou da apresentação de Três solos e um dueto, na última quarta-feira, agradeceu os tempos serem outros. Em cena dois ícones da dança do século XX, Ana Laguna e Mikhail Baryshnikov, revelando um refinado exercício de sobriedade e delicadeza que comoveu o público, no Teatro do Sesi lotado. O programa da noite equilibrou obras consagradas com a produção de novos coreógrafos internacionais. Lá estava o lirismo e competência do sueco Matk Ek, em Solo for two e Place. Bem como a inédita Valse-Fantasie, do russo Alexei Ratmansky. E ainda a inteligência e bom humor de Years later, do francês Benjamin Millepied (aliás que em breve poderá ter seu talento conferido nas telas em Black Swan, protagonizado por Natalie Portman). Mas não há como apreciar o programa sem sermos afetados pelo fato de que estamos diante de dois mitos da dança, Ana Laguna, com 54 anos, e Baryshnikov, com 62 anos. Ambos optando por não abandonar os palcos no ápice de suas carreiras e permitindo ver os frutos da maturidade de seus corpos dançantes. E não há no fato dessa constatação etária qualquer condescendência (daquela que torna tão difícil avaliar apresentações infantis e de idosos), mas sim a afirmação de outras qualidades nos intérpretes que dançam que não as do virtuosismo imperativo de numerosas piruetas, grandes saltos ou equilíbrio em sapatilhas de pontas. A técnica que transparece no palco é a do domínio tranqüilo e das descobertas que só os anos trazem. A dupla de intérpretes brinca, joga, suaviza, sublinha, mostra quem manda na música e que se pode fazer dança sem recorrer apenas aos efeitos que os consagraram. Em Years later, Baryshnikov ironiza sua própria imagem juvenil projetada em um filme que o desafia a reproduzir os passos que realizava no passado. Ele não vacila e transforma, reinventa, recusa, esquece de propósito. Não são mais aquelas ferramentas que ele conta para fazer sua dança. E é o assumir dessa condição que dá uma dimensão de rara dignidade à cena. Uma lição, sem aquela postura dos mais velhos que assumem já saber de tudo, mas com o sabor e desafio de saber precisar redescobrir sempre, a cada dia, a cada nova experiência e nos fascinar com a integridade e intensidade de tal ato. Uma salutar perspectiva para as jovens bailarinas que também enchiam a plateia. Que suas mestres possam reconhecer essa lição e cultivar essa tão necessária reverência ao tempo, à memória, mas também ao esquecimento.


Airton Tomazzoni É coreógrafo e diretor do Grupo Experimental de Dança da Cidade


Texto publicado no jornal Zero Hora- sábado 30/10

terça-feira, 26 de outubro de 2010

sábado, 16 de outubro de 2010

Oficina de Cenografia

Teve início nesse sábado, dia 16, a Oficina de Cenografia para a montagem do espetáculo do Grupo Experimental de Dança da Cidade. Ministrada pela cenógrafa e diretora de arte Maíra Coelho, a oficina vai desenvolver os elementos cênicos para montagem infantil Faz de conta que, dirigida pelo coreógrafo Airton Tomazzoni. Com esta iniciativa o projeto do Grupo Experimental de Dança amplia a formação artística dos alunos. Durante os encontros da Oficina, os próprios alunos do Grupo Experimental e equipe técnica do espetáculo poderão aprender diversas técnicas para confecção de cenário e adereços.



A montagem tem estréia em dezembro, no Teatro Renascença.


Juliana Vicari



Maira Coelho



Alessandro Rivelino.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A diversidade e qualidade da produção do Grupo Experimental de Dança de Porto Alegre


A diversidade e qualidade da produção do Grupo Experimental de Dança da Cidade. O videodança Inspiração acaba de ser selecionado para particpar do evento Terceira Margem, dentro da programação da Bienal Internacional de Dança do Ceará, um dos mais antigos e conceituados eventos de dança contemporânea do Brasil.Com o tema Tomar Lugar – Corpo e Performance, esta edição tem o objetivo de ativar a dança em sua relação com outras linguagens, com a cidade, o lugar.

Inspiração foi a primeira produção do Grupo Experimental no gênero do videodança, gravado em junho no Aeroporto Internacional Salgado Filho. O vídeo foi selecionado para o Festival Internacional de Videodanza de Buenos Aires, onde foi exibido no dia 1o de setembro junto com obras da França, Canadá, Espanha, Japão e Argentina.



Fotos: Marcelo Pacheco

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O mundo de Marlboro- Lonesome Cowboy


Primeiras impressões

O segundo caderno da Zero hora dá início á temporada Artista na Plateia, em que críticos e artistas de diferentes áreas comentam algumas das grandes atrações do 17º Porto Alegre Em Cena, compartilhando seu olhar e suas reflexões com o público.
A seguir, confira as impressões do coreógrafo Airton Tomazzoni sobre o espetáculo Lonesome Cowboy da Cia Philippe Saire, da Suíça.




O mundo de Marlboro

Em tempos pós-modernos, nos quais falar de uma masculinidade, no singular, parece descabido, algumas marcas dessa tal masculinidade ainda ecoam insistentemente. Esse é o tema que o espetáculo Lonesome cowboy traz com sua dança. Em uma coreografia enxuta, cenografia eficientíssima e iluminação competente e precisa, esboçam-se belas imagens e metáforas. Cinco bailarinos se confrontam em uma arena, que por vezes parece um ringue, por vezes um campo de futebol de gramado sombrio. O quinteto é cercado por luzes que revelam e escondem, como as luzes intensas de um estádio ou penumbráticas, porém denunciantes, como as de uma penitenciária.
A Cia de Philippe Saire, da Suiça, investe nas marcas que insistem em ser invocadas pela figura do macho que precisa assegurar sua supremacia à força, como um chamado da natureza ao qual se é incapaz de escapar. Assim, aparecem em cena constantes confrontos e disputas, que revelam o apuro técnico dos interpretes, que se prolongam e se desdobram. O que dá conta do que a obra pretende tratar, mas não abre espaço para ambigüidades e complexidades que tal contexto desenha.
As nuances se esboçam mesmo com plenitude, em um trio, mais ao final do espetáculo, no qual a Companhia mostra todo seu domínio técnico, criatividade e humor em um excelente jogo corporal de muitos sentidos, composições que não respondem às expectativas de hombridade. Talvez essa seja a melhor síntese do espetáculo, quando os movimentos e os corpos brincam com os duplos sentidos tão presente no discurso e brincadeiras masculinos. E aí, consegue subverter a ordem que impera no palco. Em outros tempos, a publicidade de cigarros idealizou um mundo exclusivamente masculino dos cowboys, convidando a que todos identificados com esse apelo viessem para o mundo de Marlboro, garantia de uma certa brutalidade indomável. Ao revisitar a figura do cowboy, o espetáculo revisita algo que vem sendo desmistificado no cinema (Brokeback Mountain), na literatura (Midnight Cowboy) e até mesmo nas novelas (América). Contudo, o mundo ainda é povoado talvez pela sua pior faceta, seja a dos hooligans capazes de espancar um adversário até a morte, seja a das gangues que agridem imigrantes e gays, seja o da misoginia. Mitos bem reais que vão além de cowboys solitários engolindo uma bebida forte e dizendo palavrões. Lonesome cowboy coloca em xeque esses heróis, mas querendo acreditar que tudo não passa de uma eterna briguinha entre amigos que se entenderão depois de mais um gole.



Airton Tomazzoni, coreógrafo e diretor do Grupo Experimental de Dança da Cidade



Zero hora - Segundo Caderno- 15/09/2010

Tobari- grupo japonês Sankai Juku


Primeiras impressões


O segundo caderno da Zero hora dá início á temporada
Artista na Plateia, em que críticos e artistas de diferentes áreas comentam algumas das grandes atrações do 17º Porto Alegre Em Cena, compartilhando seu olhar e suas reflexões com o público.
A seguir, confira as impressões do coreógrafo Airton Tomazzoni sobre o espetáculo Tobari do grupo japonês Sankai Juku.





A dança da luz e da escuridão

Cuidado! Tobari, espetáculo apresentado pelo grupo Sankai Juku, na quinta-feira no Teatro do Sesi, pode dar sono e me deu. E já me explico. Não falo aqui de um estado que nos dá tédio ou cansaço, mas sim de um estado de quem se permite ir se entregando à escuridão e, possivelmente, ao sonhar. Pois a experiência de assistir à montagem do grupo japonês é a de ter atravessado um sonho. Um sonho que vai do sublime ao grotesco, que vai povoando nosso imaginário com paisagens de uma geografia ficcional que se desenha e de dissipa tão logo tenham sido esboçadas.
Num tempo de hiperestimulação e aceleração constante, o Sankai Juku suspende o tempo e nos permite ancorar. Sem ansiolíticos ou controladores de possíveis déficits de atenção, somos convidados a contemplar e apreciar sem pressa. As coreografias parecem feitas de gestos que escapam do esquecimento e se distendem, se prolongam. O resultado é que um mundo vai se revelando diante de nós, repleto de formas que fazem da precariedade dos corpos em cena sua matéria-prima. Seres e criaturas difíceis de nominar transitam pelo palco. Às vezes como galhos de árvores se retorcendo ao vento, às vezes similares a animais ou microorganismos, às vezes num bailado cósmico de corpos celestes. O coreógrafo do grupo, Ushio Amagatsu, já afirmou que sua intenção não é transmitir nada, mas sim articular uma linguagem corporal que permita uma viagem particular a cada espectador. E nisso o trabalho é exitoso, em partituras potentes e precisas em cada pequeno movimento.
Comparado a Kagemi, a primeira montagem que esteve no POA em Cena de 2007, o espetáculo é menos suntuoso e mais árido. O que de certa maneira talvez provoque menos impacto, mas exponha mais, de maneira radical e minuciosa, como se frestas de luz fossem lançadas em recantos até então obscuros. Aliás, Ankuko butô, nome completo dessa dança que nasceu em 1959 no Japão com Tatsumi Hijikata, pode ser traduzido como dança das trevas ou dança da escuridão. Como na cena final, na qual os intérpretes parecem se lançar na infinitude do universo, ficamos nós, fitando a escurdião sem fim, cravejada de pequenos, fascinantes e indecifráveis pontos de luz.



Airton Tomazzoni
Coreógrafo e diretor do Grupo Experimental de Dança da Cidade




Zero Hora- Segudo Caderno- Sábado 11/09/2010