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O Grupo Experimental de Dança da Cidade surge com o objetivo de possibilitar a formação continuada em dança. Idealizado pelo Centro Municipal de Dança, da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre, busca criar a oportunidade para jovens complementarem a sua formação em dança e puderem ter maiores oportunidades profissionais na área.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Um salto no escuro foi assim que nasceu o primeiro espetáculo do Grupo Experimental de Dança da cidade em 2007







"Não quero demonstrar nada, quero mostrar." Federico Fellini
Um salto no escuro. Foi assim que nasceu o espetáculo, a partir de laboratórios de criação que não tinham direção certa. A tarefa central erabrincar com o movimento, tomar consciência, manipular motivos, jogar. O material produzido, bem permissivo que era, possibilitava ser encaminhado em várias direções. E escolher um caminho dentre muitas opções é sempre difícil.
Mas uma melodia de Amarcord, de Nino Rota, certo dia ficou comichando os pensamentos inquietos, enquanto assistia àquela turma se movendo deliciosamente. Estava decidido, adentraríamos o território do cineasta italiano Federico Fellini. Estávamos diante de vasto repertório imaginário que seus filmes deixaram, repletos de figuras e situações que revelam seus olhares meio de soslaio para a vida.
E, neste percurso, foi saboroso para alguns serem apresentados a este universo e não menos instigador, para os que o revisitavam enquanto dança. Procuramos então entender deste material o que na dança apresentava tais características: inusitadas, frágeis, à margem e ao mesmo tempoefusivas, festivas, cheias de vitalidade.
Procuramos um jeito de dar vida a movimentos e encontros anônimos, daquelas pequenas coisas quase imperceptíveis e até mesmo desvalorizadas. Ao mesmo tempo aquelas figuras e cenas eram muito próximas de figuras e cenas com as quais tropeçávamos cotidianamente pela cidade, nesta Porto Alegre meio metrópole, meio província, meio Roma, meio Rimini.
Foi assim que fomos criando o nosso próprio universo, povoado de fragmentos de memórias, lembranças, associações, sugestões, invenções, numa grande folia dançante. Em momento algum quisemos representar ou encenar as obras de Fellini, nem reviver personagens. Preferimos ser fiel a esse criador de outro jeito, exercitando o que ele mais defendia: a mentira é sempre mais interessante do que a verdade. E, neste exercício, buscar aquilo que ele postulou em suas obras:

"Não há nenhum fim. Não há nenhum começo. Há somente a paixão da vida." Bailemos então!

Airton Tomazzoni
Direção e concepção coreográfica

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