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O Grupo Experimental de Dança da Cidade surge com o objetivo de possibilitar a formação continuada em dança. Idealizado pelo Centro Municipal de Dança, da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre, busca criar a oportunidade para jovens complementarem a sua formação em dança e puderem ter maiores oportunidades profissionais na área.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Delicadezas que o mundo nos dá





Por Hermes Bernardi Jr.
Escritor e ilustrador de livros para crianças

Faz de conta eu não fiquei dormindo depois de doze horas ininterruptas no Centro Municipal de Cultura, participando do 24h de Cultura, na virada cultural de 19 para 20 de março. Faz verdade mesmo.
Faz verdade que, quando a gente tem programações culturais pela cidade a gente precisa prestigiar. Pra não ficar dizendo que em Porto Alegre não acontece nada de bom. Só não acontece pra quem fica dormindo ou sentado em frente à televisão a ruminar a mesmice, né? E não faça de conta que eu não estou falando com você. Eu estou.
Então, faz verdade eu não sou destes que ficam sentados ou dormindo no domingo. Levantei cedo – da tarde – e fui assistir ao espetáculo do Grupo Experimental de Dança da Cidade.
Que legal, cara, o espetáculo chama-se Faz de conta que!
Lá fui eu, ando necessitando encontrar gentes. Essa vida de computador não anda legal. Não sou uma pessoa de 140 caracteres. Tenho mais a dizer. Tenho mais a pensar. A sentir. Sou das minúcias. E gosto de usar uma lupa a tudo que assisto, leio, vejo. Meio nerd, meio geek. Inteiro pessoa. É o sabor da vida. E meio xereta, também, por que prazer da descoberta é coisa de criança que mantenho viva em mim.
Faz de conta que, agora, sou uma criança. Uma criança xereta.
Pego minha lupa de menino especulador e vou especularizar sobre um espetáculo de dança. Oba! Um espetáculo de dança para crianças!
Lá estava eu, perfumado, de bermuda bonita, sentadinho na platéia do Teatro Renascença, honestamente entregue, esperando que o faz de conta começasse. Fiquei feliz de ver a Bethania, toda linda, faceira, cumprimentando o Samuel, com seu cabelo lourinho encaracolado. Um charme! Ah, os filhos dos nossos conhecidos atores e amigos, que alegria vê-los. Alegria maior é vê-los no teatro! Faz um bem tão grande ver as crianças de todas as idades indo ao teatro. Eu gosto.
Fiquei com um bocadinho de medo quando as luzes começaram a apagar, mas logo, tão logo tudo escureceu, por que foi apagando devagarinho pra gente ir se acostumando com a escuridão, a luz do palco já se acendeu e começaram a aparecer umas crianças lá no tablado. Crianças? Não. São bailarinos, Hermes! E eles estavam meio envergonhados, que nem a gente fica quando tem visita em casa e a mãe fica chamando para mostrar a gente. Nesse jogo de empurra-empurra reconheci-me no menino metidinho, amigo da menina chorona que a tudo medra, amigo estratégico do valentão, e parceiro da curiosa, que sempre pode dizer uma coisa não muito legal sobre a gente, por isso é bom ficar por perto pra não deixar ela dizer besteira.
Faz de conta que eu sou uma criança que nunca viu espetáculo de dança. Acho que a Bethania nunca tinha visto, também. Não sei, mas depois vou ligar pra ela pra saber. Se bem que ela tem só três anos, acho que vai ficar dizendo hum,hum, hum ao telefone. Para quem não sabe, na linguagem das crianças hum, hum, hum, pode ser Oi tudo bem?
O que importa é que nesse domingo eu fiz tanto de conta que nunca tinha visto um espetáculo de dança que esqueci que a vida é difícil, às vezes. Gostei tanto de como o cara que dirigiu o espetáculo fez com as crianças – quero dizer, com os bailarinos -, por que ele mostrava umas coisas de dança e colocava umas brincadeiras no meio, pra gente que é criança não ficar chateada. Por que criança como eu é assim: se gosta, gosta. Se não gosta, não gosta e pronto, tá feito o berreiro. Eu não fiz berreiro. Se fizesse, a minha amiga Maristela Saito, que tava do meu lado, cuidando de mim, ia me dar uns belos de uns puxões de orelha, certamente.
Eu gostei muito, muito mesmo. Só teve uma hora que eu senti falta do menino metidinho, que se enfiava nas coreografias (Ah, essa palavra é nova, eu aprendi por que fui ver o Faz de conta que) e significa o desenho que os bailarinos vão fazendo com o corpo, juntos ou separados, pra lá e pra cá, conforme a música vai tocando. Eu senti falta dele e por que eu gostava de ver ele tentando fazer os passos, mas não conseguia. Ele podia ficar nessa brincadeira de tentar, tentar, até conseguir mais perto do final, eu acho, né. Eu também tento fazer uns passos e nem sempre consigo. Mas se eu treino eu consigo. E senti falta da chorona. Tenho uma amiga muito parecida com ela e me lembrei muito dela chorando por que sempre tinha medo de tudo. Fiquei me perguntando, será que aquela chorona sorriu e ganhou coragem? Seria legal ver isso. Ia ser bom para gente perceber que nem tudo é sempre igual, né.
Gostei das roupas das crianças – quero dizer, dos bailarinos – tudo bem simples e bem de criança mesmo. Fiquei morrendo de vontade de ter uma camiseta daquelas, preta, com girafa de bolinha preta e branca. E tem umas cabeças coloridas que são show de bola. Eu queria colocar uma cabeça daquelas. Tinha uma que deu vontade até de dar um chute, pra ver se fazia um gol.
E teve uma hora que eu gostei do cenário de flores que desceu de um jeito mágico no palco. A luz acendeu direto nele e refletiu mais um monte de flores no palco, como se a gente estivesse num jardim. A música que tocou é uma bem conhecida, que o Pato Fu regravou (eu ganhei o CD da minha mãe). Mas eu não gosto de ouvir musica conhecida em teatro. Não sei vocês, mas essa eu não gostei. Me disseram que tem uma versão mais antiga. Talvez eu fosse gostar mais dessa, já que não conheço, né? Ei, senhor cara da direção, pense nisso, tá! Mas não fique bravo comigo por dizer. Eu sou uma criança, agora, e não gosto de fazer de conta que gostei de uma coisa que eu não gostei, ok?
Mas tem outras musicas no espetáculo, tão legais de boas. Foi uma moça que inventou pras crianças – quero dizer, pros bailarinos – dançarem. Com a música dela fica tudo mais bonito. E as crianças – quero dizer, os bailarinos – gostam tanto de estar fazendo de conta que, que fazem melhor, e se torcem, se contorcem de um jeito criança que dá pra ver que eles estudaram muito pra fazer aquilo. Por que gente grande não consegue mais fazer algumas coisas de criança sem estudar aquilo que chamam de técnica, né. Será que pra ser criança tem que ter técnica? Hum, essa é uma boa pergunta. Pra ser bailarino, descobri, precisa.
No final do espetáculo que, faz de conta não é o final, faz verdade que tudo continua sorrindo e divertindo dentro da gente, e a gente vê que criança nenhuma – e adulto também - quer que acabe, e a gente adora por que os bailarinos convidam a gente pra dançar no palco com eles. Ai que vontade que deu! Mas o meu faz de conta tinha que acabar. Eu tinha que voltar a ser o adulto que eu sou, cheio de vergonha, cheio de medo, cheio de timidez que, às vezes, parece que não existe, mas existe sim e se protege nesse jeito seguro inseguro de ser de verdade.
No fundo, no fundo, eu estava morrendo de vontade de dançar, mas achei mais legal que as crianças e os bailarinos de verdade o fizessem. Preferi ficar com o encanto que veio dessa iniciativa despretensiosa da Arte, dessa delicadeza que o mundo ofereceu, e guardar tudo dentro de mim pra depois poder escrever bonito sobre ela. É o meu jeito faz de conta de ser e me emocionar sem fazer de conta.




Ficha Técnica


Direção e concepção coreográfica: Airton Tomazzoni


Criadores- intérpretes: Alessandro Rivalino, Andrea Lopez, Andréia Lucchina, , Diego Esteves, Fernanda Bertoncello, Iandra Cattani, Juliana Vicari, Juliana Rutkowski, Kalisy Cabela, Lara Sosa, Laura Rosa, Leonardo Jorgelew, Mari Rocha, Raquel Purper, Tainá Borges,


Cenografia: Maíra Coelho, Marcelo Pacheco, Karine Paz, Ana Paula Reis e grupo.


Figurinos: Marcelo Pacheco e Agatha Tomatis


Trilha sonora especialmente composta: Andrea López, Bruno Ângelo, Gabriel Saikoski e Lehgau- Z Quarvalho


Produção Equipe do Centro Municipal de Dança

terça-feira, 22 de março de 2011

Centro Municipal de Dança abre inscrições para o Grupo Experimental de Dança de Porto Alegre.


Centro Municipal de Dança abre inscrições para o Grupo Experimental de Dança de Porto ALegre.


Estão abertas até dia 31 de março as inscrições para interessados em participar do Grupo Experimental de Dança da Cidade de Porto Alegre. O projeto pioneiro e inédito é uma realização do Centro Municipal de Dança, da Prefeitura de Porto Al...egre, que, em 2011, conta com parceria da Casa de Cultura Mario Quintana e Secretaria de Estado da Cultura _ SEDAC-RS. O projeto oferece a oportunidade de formação em dança com alguns dos mais importantes profissionais da área no Rio Grande do Sul. Além disso, oferece a oportunidade de vivência de grupo e prática de palco. O programa de curso é gratuito e inclui aulas cinco manhãs por semana, de diversas abordagens e estilos, como dança contemporânea, dança moderna, educação somática, improvisação, história da dança, entre outras. Mais de uma centena de alunos já participou do projeto que já contou, no seu corpo docente, com profissionais como Eva Schul, Jussara Miranda, Tatiana da Rosa, Cibele Sastre, Luciane Coccaro, Luciana Paludo, Alexandre Rittman, Bia Diamante, Didi Pedoni, Juliana Vicari, entre outros.
O projeto do Grupo Experimental de Dança da Cidade, na sua curta trajetória, já pôde constar resultados no âmbito da criação e da formação além das fronteiras do país. O bailarino Marcio Canabarro foi aprovado na audição e ganhou bolsa para estudar na Salzburg Experimental Academy of Dance (SEAD), na Áustria. Muitos outros integrantes passaram a atuar em outros grupos ou companhias, ou passaram a atuar como coreógrafos. Além disso, já aconteceram quatro exitosas montagens, entre elas Follias Fellinianas (2007), de Airton Tomazzoni; Ou algo assim que me intrigue (2008), de Luciana Paludo; e Pulp Dances e Faz de conta que, em 2010.
As inscrições estão abertas para alunos a partir dos 16 anos que tenham o turno da manhã disponível para aulas.
Os interessados devem enviar Carta de Interesse, currículo e para o Centro de Dança da Secretaria Municipal da Cultura, (Av. Érico Veríssimo, 307) ou através do e-mail centrodedança@smc.prefpoa.com.br .
Até 01/04: Divulgação dos selecionados para Audição;
De 05 a 07 de abril: audições
De 11 a 13 de abril: Entrevistas
De 14 a 15 de abril: Matrículas
Para mais informações, entrar em contato com o Centro de Dança da Secretaria Municipal da Cultura através do fone 51-3289.8065 (à tarde) ou pelo e-mail centrodedanca@smc.prefpoa.com.br


Faz de conta que...por Lehgau- Z Qarvalho


Ontem fui assistir, no Teatro Renascença, a apresentação do espetáculo “Faz de Conta Que”, mui estrelado pelo Grupo Experimental de Dança de Porto Alegre, com direção do grande Airton Tomazzoni, e com trilha sonora de Bruno Angelo, Andrea López, Gabriel Saikoski, Pato Fu, Taciana Barros, Antonio Pinto, Edgard Scandurra, Arnaldo Antunes e eu, Lehgau-Z Qarvalho.

A encenação investiu pesado na invenção e no imaginário para construir um espetáculo recheado de humor e poesia. No palco o grupo de bailarinos enfrentou o desafio de fazer dança para crianças, tentando escapar de clichês, investindo na aventura de redescobrir como brincar com movimentos e imagens, e conseguiu; mais do isso, encantou não só as crianças, como os adultos presentes.
Airton Tomazzoni com seu extremo profissionalismo e maestria na direção levou-nos, os da platéia, a muitos risos, balanços, belas coreografias e explosões de cores fantásticas. Os figurinos, de Marcelo Pacheco e Agatha Tomatis, e a cenografia, por conta de Maíra Coelho, Marcelo Pacheco, Karine Paz, Ana Paula Reis, Juliana Vicari, Andréia Luchina, Fernanda Bertoncello Boff, Raquel Purper, Laura Rosa, Juliana Rutkowski, Lara Sosa e Leonardo Jorgelew, estavam arrasadores de tão belos e criativos. E os(as) bailarinos(as), ou, conforme preferem os organizadores, criadores-intérpretes: Alessandro Rivalino, Andrea Lopez, Andréia Lucchina, Carlo Laner, Diego Esteves, Fernanda Bertoncello Boff , Iandra Cattani, Juliana Vicari, Juliana Rutkowski, Kalisy Cabela, Lara Sosa, Laura Rosa, Leonardo Jorgelew, Mari Rocha, Raquel Purper, Tainá Borges e Viviana Schammes, deram um show de competência, graça, vitalidade e contemporaneidade. A iluminação certeira e de cores vibrantes de Mirco Zanini; a operação de som precisa de Karine Paz; o projeto gráfico de Yheuriet Kalil; a produção de Liz Dias, Marcelo Pacheco e Equipe do centro Municipal de Dança; as coreografias em “A vida é um balé”, de Alexandre Rittman, e “Estrelas caíram no chão e giram de montão, de Didi Pedone, também foram pontos altos do espetáculo.
Ao final, além de extasiado, me senti muito orgulhoso de ter participado desse grande coletivo de criação artística e sensibilidade aguçada. Parabéns a nós, pois!
De lambuja, deixo aqui a música É hora do recreio de minha autoria, composta especialmente para o espetáculo.

Legal-Z-Qarvalho


segunda-feira, 14 de março de 2011

FAZ DE CONTA QUE e PULP DANCES-



Espetáculos de Dança têm entrada Franca na 52ª Semana de Porto Alegre

No próximo domingo, dia 20 de março, o Grupo Experimental de Dança da Cidade faz apresentação única com entrada franca do espetáculo infantil Faz de Conta Que, às 16 horas, e do adulto Pulp Dances, às 20 horas. As apresentações acontecem no Teatro Renascença e fazem parte da programação da Semana de Porto Alegre.

Como resultado do trabalho de formação de criadores e intérpretes de dança, o Grupo Experimental de Dança da Cidade produziu o espetáculo infantil Faz de conta que e a performance Pulp Dances. Ambos foram apresentados em dezembro de 2010 com grande sucesso de público e critica. A realização é do Centro Municipal de Dança, da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre. Outras informações podem ser obtidas através do tel. 3289.8065 ou em centrodedanca@smc.prefpoa.com.br .

Primeira encenação para o público infantil do Grupo, Faz de conta que, investe na invenção e no imaginário para construir um espetáculo recheado de humor e poesia. No palco um grupo de bailarinos que tenta enfrentar o desafio de fazer dança para crianças, tentando escapar de clichês, investindo na aventura de redescobrir como brincar com movimentos e imagens. A direção é de Airton Tomazzoni.

Pulp Dances mergulha no universo do cineasta americano Quentin Tarantino, autor de filmes como Cães de Aluguel, Kill Bill e Pulp Fiction. Assim, as coreografias revisitam personagens, situações e referências, presentes na obra cinematográfica de Tarantino, não para “ilustrar” em dança, mas para jogar e reinventar sentidos coreográficos para os elementos recorrentes como violência, vingança, solidão, ironia, injustiça, coragem, medo e sarcasmo. A concepção coreográfica é de Juliana Vicari.

No elenco estão Aline Brustolin, Alessandro Rivelino, Andréa Lopez, Andréia Lucchina, Diego Esteves, Fernanda Bertoncello, Iandra Cattani, Juliana Rutkowski, Juliana Vicari, Kalisy Cabeda, Lara Dias, Laura Rosa, Leonardo D. Jorgelew, Marilei Rocha, Raquel Purper, Tainá Borges